segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Raciocínio Lógico

As respostas estão em branco, para vê-las, selecione o texto em branco.

A idade da menina

Dois dias atrás, Suzana tinha 8 anos. Ano que vem ela terá 11! Como isso é possível?

Resposta:
Suzana deve ter nascido no dia 31 de dezembro de algum ano. Suponha que ela tenha nascido no dia 31 de dezembro de 2000. Isso significa que Suzana fará 9 anos no dia 31 de dezembro de 2009. Suponha também que “hoje” seja dia 1 de janeiro de 2010.

Caso suponhamos tais fatos, dois dias atrás seria de 30 de dezembro de 2009, ou seja, ela ainda teria 8 anos.

Voltando a 1 de janeiro de 2010. “Ano que vem” será 2011. Logo, em 31 de dezembro de 2011 ela terá 11 anos.

A pesca
Três pessoas vão pescar: 2 pais e 2 filhos. Como isso é possível?

Resposta:
As 3 pessoas são: o avô, o pai e o filho.



A Serbian Film - Terror sem Limites

A Serbian Film tinha tudo pra ser só mais um filme de terror B, com atores desconhecidos e país de origem não muito presente na considerada elite do cinema. Mas, graças a diversos proibições totais e parciais do filme em diversos países, inclusive no Brasil (em alguns estados), acabou se tornando "famoso" pela curiosidade gerada. Um caso onde a censura, que deveria tentar impedir a exibição do filme, acabou fazendo o marketing. Aviso que realmente o filme trata de assuntos delicados e possui cenas repugnantes.

Obs.: O texto possui uma parte em branco, é proposital, pois conta detalhes do filme, inclusive o final, se quiser ler, selecione o texto e leia.



A Serbian Film (em sérvio, Српски филм; em português, Terror sem Limites) é o primeiro filme de terror do diretor sérvio Srđan Spasojević, lançado em 2010. Ele conta a história de um ator pornô que está no fim da carreira e que concorda em participar de um filme com muita "arte", mas é levado a fazer cenas exploratórias com abuso infantil e necrofilia. O filme estrela os atores sérvios Srđan Todorović e Sergej Trifunović. Sua apresentação é questionada em alguns países, entre eles, o Brasil, que proibiu, no dia 10 de agosto de 2011, a exibição do filme em todo o território nacional. Países como a Suécia, Espanha e Finlândia também fizeram a proibição. Outros países, ainda, proíbem apenas a exibição de alguns trechos do filme, como na Austrália que censurou oito minutos do filme.

Enredo

Miloš é um ator pornô aposentado, casado e com um filho. Para garantir a estabilidade financeira da sua família, aceita uma oferta apresentada por sua ex-colega de profissão Lejla para estrelar um "filme de arte". Vukmir, o diretor, quer Miloš no elenco para aproveitar sua capacidade de manter uma prolongada ereção sem estímulos físicos nem visuais.

No início das filmagens, Miloš é levado a um orfanato e recebe um fone de ouvido, pelo qual ouvirá as instruções a serem seguidas. Em seguida, uma equipe de filmagem o segue para registrar suas reações diante de várias situações sexuais. Numa das cenas, o ator deve fazer sexo com uma mulher que sofreu abusos, enquanto uma menina vestida de Alice assiste a tudo. Em outra, um homem ajuda uma mulher a dar à luz e estupra a recém-nascida.

Miloš se enfurece e decide abandonar o projeto. É sedado e acorda três dias depois, coberto de sangue e sem se lembrar do que aconteceu. Volta para o set de filmagem e descobre gravações mostrando que, nos dias anteriores, foi drogado para se manter num estado de permanente agressividade e excitação sexual, estuprando uma mulher algemada a uma cama, cortando seu pescoço e violando o cadáver. Outra cena mostra Lejla sendo violentada por um homem que introduz o pênis em sua boca até ela morrer asfixiada. Assistindo a mais gravações, Miloš descobre que foi levado a estuprar sua própria mulher, que estava sedada, e seu filho.

Na cena, a mulher de Miloš recobra a consciência e consegue, com a ajuda do marido, enfrentar Vulkmir e o resto da equipe. Os dois conseguem matar o diretor e seus guarda-costas.

Depois de se lembrar de tudo, Miloš resolve cometer suicídio. Sua mulher concorda e propõe a morte de toda a família. Ele mata a si mesmo, à mulher e ao filho com um tiro.

Algum tempo depois, outro diretor de cinema chega ao local, com um ator pornô e uma equipe de cinema, e inicia uma filmagem dizendo: "comece pelo menino".


Exibição livre

A primeira exibição pública de A Serbian Film aconteceu à meia-noite de 15 de março de 2010, em Austin, no Texas (EUA), como parte da edição de 2010 do festival de cinema South by Southwest. Durante a introdução feita pelo proprietário do cinema Alamo Drafthouse, Tim League, o público presente foi advertido sobre a natureza extrema das cenas que estavam prestes a assistir, e foi dada a eles uma última chance de deixar a sala. No dia seguinte, o filme passou mais uma vez.

Em seguida, veio a exibição em abril de 2010, no Festival Internacional de Filme Fantástico de Bruxelas, na Bélgica (Brussels International Festival of Fantasy Film). Em 11 de junho de 2010, o filme foi exibido na própria Sérvia, como parte do Festival de cinema "Cinema City", na cidade de Novi Sad. O filme passou também em 16 e 19 de julho de 2010, durante o Fantasia Festival em Montreal, Canadá, na categoria "Sérvia Subversiva" (Subversive Serbia).

O Raindance Film Festival, cujos organizadores pegaram uma cópia do filme no Festival de Cannes em maio de 2010, subsequentemente exibiu pela primeira vez o filme no Reino Unido e 'driblou a proibição classificando a exibição como um "evento privado"'. O tablóide sensacionalista britânico The Sun descreveu o filme como 'doente' e 'vil' após o press release do festival em 2010. e o Westminster Council pediu que se monitorassem os convites para a exibição. A cópia em 35mm foi enviada pelo BBFC para a estréia em 8 de outubro de 2010.

Em 21 de outubro de 2010, o filme teve uma única exibição no cinema "Bloor Cinema", de Toronto, Canadá, como parte do evento mensal chamado "Cinemacbre Movie Nights" ("Noites Macabras de Cinema") organizado pela revista de cinema Rue Morgue. A publicação também deu destaque ao filme, apresentando-o na capa.

Foi exibido no Brasil em festivais como o Fantaspoa, em Porto Alegre, e o Festival Lume de Cinema, em São Luís, quando teve sua exibição suspensa no RioFan, no Rio de Janeiro, a pedido da Caixa Econômica Federal, patrocinadora do evento.

Exibição com cortes ou censura

O filme estava programado para exibição em Londres, em 29 de agosto de 2010, no cinema Film Four, no Festival de Filme de Horror de Londres (London FrightFest Film Festival), mas foi retirado pelos organizadores após a intervenção do Westminster Council. Filmes exibidos neste festival normalmente recebem um pré-certificado, mas neste caso o Westminster Council se recusou a dar a permissão para sua exibição até que tivesse sido classificado pelo órgão oficial britânico, o BBFC (British Board of Film Classification). Seguindo a submissão do seu DVD ao BBFC (já que não haviam materiais cinematográficos disponíveis na época para uma classificação adequada para as salas de cinema), 49 cortes totalizando quatro minutos e onze segundos foram solicitados para a certificação do DVD. O distribuidor britânico, Revolver Entertainment, inicialmente examinou as possibilidades do processo, mas ficou claro que o filme teria então que ser re-submetido ao BBFC e que novos cortes poderiam ser pedidos. Foi decidido então que mostrar uma versão fortemente editada não estava no espírito do festival e consequentemente sua exibição foi retirada do programa. O filme foi substituído no festival pelo filme Buried, do diretor Rodrigo Cortés, estrelando Ryan Reynolds.

Em 26 de novembro de 2010, o filme recebeu a classificação "Recusado" do Comitê Australiano de Classificação ("Australian Classification Board"), proibindo-se as vendas e exibições públicas do filme na Austrália. Entretanto, em 5 de abril de 2011, o mesmo comitê aprovou uma versão censurada do filme.

O Ministério Público sérvio abriu uma investigação para investigar se o filme violava a lei do país, sendo levantados elementos criminais contra a moral sexual e a proteção de menores. O filme foi banido na Espanha por "ameaça à liberdade sexual", não podendo participar da XXI Semana de Cine Fantástico y de Terror. Foi também banido na Noruega após dois meses de vendas devido a uma violação criminal sobre a representação sexual de menores e violência extrema. O filme teve uma exibição para adultos no festival de Sitges, na Espanha, em outubro de 2010; como resultado, o diretor do festival, Ángel Sala, foi processado por exibição de pornografia infantil em 2011, após receber uma denúncia de uma organização católica sobre cenas de estupro envolvendo crianças e um recém-nascido contidas no filme.


Defesa da exibição do filme

Na Espanha, numa reação contra o processo movido ao diretor do festival de Sitges, Ángel Sala, diversos diretores de festivais de cinema assinaram em março de 2011 uma carta de repúdio, entre eles José Luis Rebordinos, diretor do festival de San Sebastian, e Josemi Beltrán, responsável pela Semana de Cine Fantástico e de Terror de Donostia, observando que o filme já passou em muitos festivais tais como os de Bruxelas, Montreal, Londres, Porto  (Portugal), Austin (Texas), San Francisco, Toronto, Sofia, Hamburgo, Helsínqui, Puchon (Coréia do Sul), Ravenna e Estocolmo (Suécia), entre outros, sem qualquer processo contra seus diretores.

Proibição no Brasil

Exibido em julho de 2011 no VII Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, o filme foi selecionado também para o Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro (RioFan), no mesmo mês, na Caixa Cultural. Foi retirado da programação por ordem da Caixa Econômica Federal, patrocinadora do festival, o que gerou notas de repúdio tanto da organização do festival quanto da Associação Brasileira de Críticos de Cinema.

Com o veto à exibição na Caixa Cultural, os organizadores do RioFan programaram uma sessão no Cine Odeon, no mesmo dia que havia sido marcado para a exibição no festival (23 de julho de 2011). Na véspera, porém, o filme foi apreendido por ordem da juíza Katerine Jatahy Nygaard, da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Rio de Janeiro, atendendo a uma ação ajuizada pelo diretório regional do DEM.

Defensores da exibição do filme

Em defesa da livre exibição do filme, o distribuidor do filme no Brasil, Raffaele Petrini, assegurou que "nenhuma criança participou de cenas fortes", e que "nas sequências mais duras, foram utilizados ou um robô ou um manequim". Ele prometeu divulgar no site da distribuidora o making of do filme, para mostrar seu argumento..

Diversas entidades se manifestaram contra a censura ou a proibição de exibir o filme no país. Entre elas, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), a Associação dos Roteiristas (AR), a Associação Brasileira dos Documentaristas (ABD), o Congresso Brasileiro de Cinema (CBC), e o Conselho Nacional de Cineclubes (CNC). Entre os críticos de cinema, a reportagem do Cineclick (UOL), por exemplo, defendeu com veemência a exibição do filme: "O longa de maneira alguma faz propaganda à perversão, mas sim mostra o horror de tais atos, proporcionando ainda uma leitura a respeito dos limites da crueldade humana, especialmente na Sérvia, país que presenciou atrocidades nas últimas duas décadas".

Abaixo o trailer do filme


domingo, 2 de outubro de 2011

Deduzindo... [1]

Tsar Bomba: A mais potente Bomba Atômica já detonada

Um tempo atras acompanhando o tsunami no Japão que causou o vazamento do lixo nuclear na usina de Fukushima, fiquei curioso sobre o motivo do alto risco envolvido e os fatores que causaram os grandes desastres nucleares. Leitura vai e leitura vem, acabei caindo na origem das bombas nucleares, construção, acionamento, lançamento, etc. Eis que pra minha surpresa, descubro que a bomba de Hiroshima teve um poder destrutivo 5 mil vezes menor que a Tsar Bomba. Fico devendo depois um post sobre energia nuclear e as tecnologias envolvidas nas bombas nucleares e um outro sobre o maior desastre nuclear da história.

Bomba-Tsar (ou Царь-бомба, em russo, literalmente "Bomba-Tsar"), é o nome ocidental da RDS-220, a mais potente arma nuclear já detonada. Desenvolvida pela União Soviética, a bomba de 57 megatons (equivalente a 57 milhões de toneladas de dinamite, sendo duas vezes mais potente que o segundo maior teste nuclear chamado de Teste 219 que rendeu 24,2 Mt) levava o nome-código de “Ivan”, (em russo: Иван), dado pelos seus desenvolvedores. A bomba foi testada em 30 de outubro de 1961, em Nova Zembla, uma ilha no oceano Ártico. O dispositivo foi reduzido de seu design original de 100 megatons para minimizar a escala de destruição.


Réplica da Tsar Bomba no Museu de Bombas Atômicas de Sarov

Devido ao seu enorme tamanho a bomba não era prática para propósitos de guerra, e foi criada primariamente para ser usada como propaganda na Guerra Fria. Não há evidências de que nenhuma outra bomba de poder similar tenha sido feita.

Origens

O premiê soviético Nikita Khrushchov, líder da União Soviética depois da morte de Stalin, começou o projeto em 10 de Julho de 1961, requisitando que os testes fossem realizados em Outubro do mesmo ano, enquanto o 22º Congresso do PCUS (Partido Comunista da União Soviética) ainda estava em sessão. Este prazo de 15 semanas foi alcançado porque os componentes nucleares necessários já estavam todos à sua disposição.

O termo "Tsar Bomba" remete para a histórica prática russa de construir objetos incrivelmente grandes para mostrar poder. Exemplos incluem o Grande Sino (Tsar Kolokol), o maior canhão do mundo (Tsar Pushka) e o incrível Tsar Tank. Apesar de a bomba ter sido taxada com este nome pelo ocidente, o mesmo acabou sendo amplamente utilizado na futura Rússia.

Com o nome-código de "Ivan" durante o seu desenvolvimento, a Tsar Bomba não foi feita para o uso bélico prático. Khrushchov deu o parecer final para o teste em um momento de grande tensão: o primeiro muro de Berlim havia sido levantado em agosto de 1961. E mais ainda: a União Soviética havia recentemente encerrado uma moratória de testes nucleares (que durou aproximadamente três anos), e estava próxima de levar armas para Cuba, o que acabaria levando à chamada Crise dos Mísseis.

Com a palavra na Assembleia Geral das Nações Unidas sobre o teste, Khrushchev usou em seu idioma o termo "mostrar a alguém a mãe de Kuzka", que quer dizer "punir". Por causa disso, às vezes a bomba é chamada na Rússia de "A Mãe de Kuzka" (Кузькина мать).

Projeto

A “Tsar Bomba” era uma bomba de hidrogênio de estágios múltiplos com uma potência em torno de 50 megatons (Mt). Tal capacidade de destruição equivalia a todos os explosivos usados na Segunda Guerra Mundial multiplicados por dez. O design inicial trifásico (fissão-fusão-fissão) era capaz de liberar aproximadamente 100 Mt, mas o resultado seria um excesso de resíduos e partículas radioativas liberadas na atmosfera. 

Para limitar os efeitos dos resíduos radioativos, o terceiro estágio, que consistia de uma couraça para a fissão de Urânio 238 (o que ampliava muito a reação, fissionando átomos de urânio com neutrons mais rápidos da reação da fusão anterior), foi trocado por uma de chumbo. Isso eliminou a rápida fissão dos nêutrons resultantes da fusão (estágio 2), de forma que 97% do total da energia seria resultado apenas do estágio de fusão. Houve forte incentivo para a redução de potência, já que a maioria dos resíduos radioativos resultantes do teste da bomba acabaria chegando ao próprio território soviético.

Os componentes da bomba foram desenvolvidos por uma equipe de físicos, liderada por Julii Borisovich Khariton, que incluía Andrei Sakharov, Victor Adamsky, Yuri Babayev, Yuri Smirnov, e Yuri Trutnev. Logo após a detonação da Tsar Bomba, Sakharov começou a fazer uma campanha contra as armas nucleares, o que levou à sua dissidência.

Teste

A Tsar Bomba foi levada ao campo de teste por um avião bombardeiro Tu-95 especialmente modificado, que levantou vôo de uma base aérea na península de Kola, pilotado pelo Major Andrei E. Durnotsev. O bombardeiro foi acompanhado de um avião de observação Tu-16, que coletou amostras do ar e filmou o teste. Ambos os aviões foram pintados com uma tinta reflexiva especial de cor branca para limitar os danos causados pelo calor gerado pelo teste.

A bomba de 27 toneladas era tão grande (8 metros de comprimento por 2 metros de diâmetro) que as portas de lançamento e os tanques de combustível das asas do Tu-95 tiveram de ser removidos. Ela foi presa a um pára-quedas de retardo de queda que pesava mais de 800 quilos, o que dava a ambos os aviões a possibilidade de voar para pelo menos 45 km de distância do ponto zero de detonação. Se houvesse uma falha nesse retardo, a bomba ou teria atingido a sua altitude de detonação mais rápido do que o previsto tornando o teste uma missão suicida para os aviões, ou atingiria o solo a uma velocidade alta demais com resultados imprevisíveis. Os EUA também equiparam algumas de suas bombas com pára-quedas de retardo pelas mesmas razões.

A Tsar Bomba foi detonada às 11h32, aproximadamente 73.85° N 54.50° E  sobre o campo de testes na Baía de Mityushikha, ao norte do Círculo polar ártico na ilha de Nova Zembla. Ela foi lançada de uma altitude de 10 500 metros, e programada para detonar a 4000 metros acima da superfície terrestre (4200 metros acima do nível do mar) por sensores barométricos.
Os Estados Unidos estimaram na época que a potência gerada pela bomba era de 57 Mt, mas desde 1991 todas as fontes Russas atestam que era de "apenas" 50 Mt. Khrushchev chegou a avisar durante um discurso (gravado em vídeo) o Parlamento Comunista sobre a existência da bomba de 100 megatons.

Local da detonação

A bola de fogo gerada pela explosão tocou o solo e quase alcançou a mesma altitude do avião bombardeiro, podendo ser vista a mais de 1.000 km de distância. O calor gerado poderia causar queimadura de 3º Grau em uma pessoa que estivesse a 100 km de distância. A nuvem em forma de cogumelo que se seguiu chegou a 60 km de altura e algo em torno de 35 km de largura. A explosão pôde ser vista e também sentida na Finlândia, tendo até mesmo quebrado algumas janelas por lá.

O deslocamento de ar causou danos diretos até a 1.000 km de distância. Estima-se que se a bomba original fosse usada o estrago seria aproximadamente de 2.000 km². A pressão da explosão abaixo do ponto de detonação foi de 300 PSI, seis vezes a pressão de pico experimentada em Hiroshima. Um participante no teste viu um flash brilhante através dos óculos escuros de proteção e sentiu os efeitos de um pulso térmico mesmo a uma distância de 270 quilômetros.

Zona de destruição da Tsar Bomba (no exemplo, sobre o mapa de Paris): círculo vermelho = destruição total (raio de 35 quilômetros); círculo amarelo = bola-de-fogo (raio de 3,5 quilômetros)

Já que 50 Mt é igual a 2,1×1017 joules, a média de força gerada durante todo o processo fissão-fusão (que durou cerca de 3,9×10−8 segundos ou 39 nanosegundos) seria estimada em 5,3×1024 watts ou 5,3 YottaWatts. Isso é o equivalente aproximado de 1% da energia que o Sol libera durante a mesma fração de segundo. A maior arma construída pelos EUA, agora desativada (B41), tinha uma força máxima estimada de 25 Mt, sendo que a maior bomba nuclear já testada pelos EUA (Castle Bravo) gerou 15 Mt.

Análise

O peso e o tamanho da Tsar Bomba limitaram o alcance e a velocidade do bombardeiro especialmente modificado que a carregava, o que a tornou impossível de ser carregada por um ICBM (Intercontinental Ballistic Missile). Muito de sua alta potência era ineficientemente irradiada pelo espaço. Foi estimado que, se detonada no seu design original de 100 Mt, o montante de resíduos radioativos seria correspondente a 25% de toda a radiação emitida na Terra desde a invenção das armas nucleares. Os soviéticos chegaram à conclusão de que um teste de tamanha potência criaria uma catástrofe nuclear e tinham a certeza de que o avião bombardeiro que a lançasse não alcançaria um lugar seguro após a detonação.

A Tsar Bomba foi a culminação de uma série de armas termonucleares de alta potência desenvolvidas pela URSS e pelos EUA durante a década de 50 na guerra fria. Tais bombas foram desenvolvidas porque:
  • As bombas nucleares daquela época eram grandes e pesadas, independente da potência, e só podiam ser lançadas por bombardeiros estratégicos.
  • Temia-se que muitos, se não a maioria, dos bombardeiros falhassem em alcançar os alvos, já que seu tamanho e velocidade tornavam a detecção e interceptação uma coisa fácil. Portanto, maximizar o poder de ataque carregado por um único bombardeiro era vital.
  • Ambos os lados não tinham conhecimento preciso da localização das fábricas militares e industriais do inimigo; uma bomba lançada sem recursos avançados de sistemas de navegação inercial poderia facilmente errar o seu alvo. E o retardamento da queda pelo pára-quedas só piorava esse ineficiência.

Tais bombas foram desenvolvidas para dizimar grandes cidades inteiras mesmo que lançadas entre 5 a 10 km do seu centro. Com esse objetivo chegava-se à conclusão de que potência e efetividade estavam diretamente ligadas, pelo menos até certo ponto. Mas com o advento dos ICBMs e sua precisão de 500 metros ou até mais, bombas guiadas a laser e sistemas de navegação por satélite (GNSS) estas armas acabaram por se tornar obsoletas. As armas nucleares subsequentes, nas décadas de 60 e 70, tiveram como foco a precisão, miniaturização e segurança em detrimento da potência.

Raio comparativo da bola de fogo de armas nucleares, incluindo a Tsar Bomba. Os efeitos da explosão estendem-se por várias vezes a própria bola de fogo.

Relatos

Devido a sua potência houve diversos relatos sobre a Tsar Bomba. Um operador de câmera registrou:

"As nuvens a uma grande distância abaixo e acima do avião foram iluminados pelo clarão da bola de fogo e por um instante tornaram-se transparentes. A propagação da luz incandescente sobre o mar era algo impressionante. Nesse momento nosso avião emergiu do meio de uma camada de nuvens e pudemos observar uma gigantesca esfera de fogo brilhante e alaranjada rolando em direção ao céu."

"A esfera era tão poderosa e tão arrogante como Júpiter."

"Lenta e silenciosamente rastejou para cima..."

"E fundindo-se a camadas mais grossas de nuvens, continuou a subir e a crescer. Parecia sugar toda a terra nele. O espetáculo foi fantástico, irreal, sobrenatural."'
Um outro observador, mais distante, descreveu o que testemunhou da seguinte forma:

"Um gigantesco clarão sobre o horizonte, e após um longo período de tempo ouvi um sopro distante e pesado, como se a terra tivesse sido morta."
Uma outra testemunha relata:

"A neve derreteu, as bordas e os lados das rochas ficaram brilhantes como se tivessem sido lapidadas, não há um traço desigual sequer..."


Abaixo um vídeo que mostra imagens do periodo de estudos e construção da bomba, e após, o lançamento e detonação...Impressionante!!